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  • jornaltransversal

Legalizem a erva, por favor

Atualizado: 31 de dez. de 2021

Não podem dizer que não se deve legalizar a cannabis quando a vossa definição de convívio é passar uma tarde na esplanada do café, a alternar entre um gole de cerveja e uma passa num cigarro.






 

Da última vez que li sobre o assunto, essas duas drogas matavam muito mais do que a erva. Para além disso, ficávamos todos a ganhar com esta legalização. A cannabis já é o produto ilícito mais consumido e de mais fácil acesso no país, mais vale aproveitarmo-nos disso.

Atualmente, a forma como se a consome em Portugal não é segura, nesse ponto estamos todos de acordo. O número de jovens que dá entrada nos hospitais com episódios psicóticos provocados pela cannabis não para de aumentar, mas é importante percebermos a razão: os níveis de THC estão mais altos do que nunca, porque são adulterados.

Os clientes querem “moca”, portanto é isso que os traficantes lhes oferecem. E o grande problema é que a maioria dos consumidores não tem a mínima noção do que está a consumir, nem das consequências associadas.

Por mais contraproducente que possa parecer, a legalização é necessária para alterar esta tendência. Não é esta mudança que vai liberalizar o consumo nem fazer com que todas a gente passe a fumar charros como se não houvesse amanhã. A legalização não é o fim da ordem cívica.

A partir do momento em que existirem autoridades a controlar este acesso, a utilização será mais segura e informada. E, naturalmente, o número de pessoas a recorrer à cannabis não tenderá a aumentar. Primeiro, porque a legalidade retira todo o deslumbramento e romantização ao consumo em si, o que acaba por desinteressar muitos dos utilizadores mais jovens. E em segundo, o conhecimento real do que se está a consumir e das consequências dos atos demovem muitas pessoas de experimentar ou de continuar a usar.

Por outro lado, toda a rede de tráfico associada a este tipo específico de droga vai tornar-se, no máximo, residual. Não faz sentido recorrer a uma venda ilegal quando podemos entrar numa loja e adquirir exatamente o mesmo produto. Em vez de traficantes, teremos pessoas a prestar um serviço, a pagar impostos por isso e a dinamizar a economia nacional. A polícia poderá empregar mais dinheiro, tempo e pessoal no combate ao tráfico de drogas pesadas.

Portugal foi um exemplo a seguir quando decidiu descriminalizar o uso de drogas. O país precisa de continuar esta linha de pensamento e legalizar as drogas leves. Não há maneira de impedir as pessoas de as consumirem, portanto mais vale criar uma estrutura que permita a sua circulação regrada. É para o bem de todos.


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