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  • Thaís Magalhães Manhães

Barbados mais próximo a abandonar as algemas coloniais

Atualizado: 7 de jul. de 2023

Após romper laços com a monarquia britânica, o país se torna a mais nova República no mundo



Foto: Reuters. Edição: Thaís Magalhães Manhães.

O evento

O dia 30 de novembro nunca mais será lembrado como antes para os barbadenses. Depois de 55 anos de independência do Império Britânico, Barbados, localizado a leste da América Central, cortou os vínculos, oficialmente, com a rainha britânica. Elizabeth II da Inglaterra era, até então, chefe de Estado do governo de Barbados.


A república de Barbados nasceu na última terça-feria, com Sandra Mason, 72, a tomar posse do cargo de 1ª presidenta do país, na capital Bridgetown. Antes de chegar ao cargo de chefe de Estado, Mason foi representante oficial da rainha sob o cargo de “governadora-geral”, termo usado para dizer que ela era representante oficial da monarca em Barbados.

Foto: Reuters - Sandra Mason, 1ª Presidenta de Barbados. Edição: Thaís Magalhães Manhães.

Apesar de ter sido efetivada agora, a transição foi anunciada em setembro de 2020 e no mês seguinte, o parlamento escolheu Mason para presidenta.


Após as votações, Mia Mottley, primeira-ministra e líder do movimento republicano de Barbados, disse: “Chegou a hora de reivindicarmos o nosso destino completo”.

Foto: Google Maps

A posse

A cerimônia de posse aconteceu pela noite, em Bridgetown, capital de Barbados, e Príncipe Charles, 73, representou a Rainha Elizabeth II, sua mãe. A tomada de posse coincidiu com o 55º aniversário de independência de Barbados, a escolha foi proposital.


Em 30 de novembro de 1966, a ilha tornou-se independente do Reino Unido, e desvinculou-se do papel de colônia. Em entrevista à BBC, Mia Mottley, disse que"Nós acreditamos que este assunto monarquia – república estava pendente e não deveria passar do 55º aniversário da Independência sem ser resolvido".

Foto: A cerimônia determinou o fim da influência colonial britânica e o início de uma nova república. Reuters.

Rihanna, uma heroína nacional

Mia Mottley coroou a artista de 33 anos com o título de heroína nacional. Antes de entregar o título, a primeira-ministra disse “Em nome de uma nação grata, e por um povo ainda mais orgulhoso, apresentamos a considerada heroína nacional de Barbados. Que continue a brilhar como um diamante e a honrar a sua nação com o seu trabalho e as suas ações”

Foto: Reuters. Edição: Thaís Magalhães Manhães.

Rihanna natural de Saint Michael, cidade em Barbados, se mudou para Brigdetown, a capital do país, pouco antes de ir para os Estados Unidos, lugar onde ganhou os olhos do mundo inteiro.


Em 2021, Rihanna entrou para a lista oficial de multimilionários da Forbes sendo considerada a artista mulher mais rica do mundo inteiro.


O discurso do Príncipe

"Desde os dias mais sombrios de nosso passado e a terrível atrocidade da escravidão, que mancha para sempre nossa história, o povo desta ilha abriu seu caminho com extraordinária firmeza”, disse Príncipe Charles durante discurso de transição de posse.

Príncipe Charles e Rainha Elizabeth II. Foto: Reuters. Edição: Thaís Magalhães Manhães.

Os problemas causados pela influência britânica e o racismo, que ainda são muito presentes no dia a dia dos barbadenses, foram preponderantes para a decisão do país em se tornar uma república. Contudo, o Príncipe destacou a intenção de laços permanentes entre os dois países. Charles III recebeu a Ordem da Liberdade de Barbados, a mais alta honra nacional.


A herança escravista

Por mais de 200 anos a Ilha de Barbados foi o centro para o comércio transatlântico de escravizados. A herança de um sistema que dominou a vida social e econômica da Ilha, deixa marcas até hoje. Foram cerca de meio milhão de africanos vítimas do regime escravista imposto pela monarquia britânica. Os africanos escravizados eram arrancados de seus países de origem e levados até a Ilha e arredores para trabalhar nas plantações de cana-de-açúcar. O regime durou até 1834, quando os escravizados receberam alforria.


Em Barbados há diversos monumentos que honram as milhares de vítimas do sistema escravista no país. Em Rock Hall Freedom Village, por exemplo, existe uma escultura em bronze que representa um família heteronormativa de escravizados africanos.


Perto deste monumento, há uma placa de granito com 38 nomes de escravizados africanos libertos, os primeiros moradores de Rock Hall em 1834. Além disso, um dizer em um outro bloco de granito próximo expressa o sofrimento e a resiliência de milhões de africanos traficados nos navios negreiros.


"Do bojo do navio negeiro à liberdade, os espíritos dos ancestrais africanos acenam para as almas escravizadas, guiando-as rumo ao primeiro vilarejo livre".



Foto: wegatherinbarbados

Assassinato de George Floyd e o despertar na Ilha

A transição de modelo político começou a ser debatida após o assassinato do norte-americano George Floyd por um policial branco em Minneapolis, em maio de 2020. As manifestações que aconteceram no vizinho EUA começaram a estremecer as estruturas internas, e a fomentar debates na população da Ilha. Segundo o senso de 2020, Barbados tem cerca de 287 mil habitantes, desse total, a maioria é descendente de africanos.


Commonwealth

Apesar de apagar o rótulo de "colônia”, o país continuará a fazer parte do Commonwealth e pretende manter algum vínculo com o Reino Unido. O Commonwealth é um grupo liderado pela realeza britânica e formado por 54 países, a maioria são ex-colônias britânicas. O objetivo do Commonwealth é criar um espaço para partilhar ideais de governo, democracia e sociedade.


Antes de Barbados, a última destituição da rainha britânica foi em 1992, quando a Ilha de Maurício, no Oceano Índico, proclamou-se república.


Texto escrito conforme o novo acordo ortográfico.

Variante linguística brasileira utilizada.



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