top of page
  • Thaís Magalhães Manhães

Bolsonaro em rede nacional e panelaço como resposta

Atualizado: 20 de jan. de 2022

Durante pronunciamento, horas antes da virada, Bolsonaro distorce dados e se posiciona contra vacinação em crianças


O Presidente Jair Bolsonaro (PL), fez um pronunciamento emitido em rede nacional de rádio e TV, no último dia 31, horas antes da virada. Na narrativa, ele omitiu e distorceu fatos comprovados relacionados ao combate a pandemia. Durante a fala, panelaço nas capitais como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Florianópolis e Salvador foram percebidas e divulgadas nas redes sociais.

Começou a enfatizar a moral cristã, muito defendida durante o seu percurso político “Quis Deus que eu ocupasse a presidência em 2019, e assumir um Brasil com sério problemas morais, éticos e econômicos.” Bolsonaro que foi anunciado como pré-candidato à Presidência do Brasil em março de 2016 pelo Partido Social Cristão, sempre defendeu os valores tradicionais cristãos. Em 2018 trocou a sua filiação para o Partido Social Liberal. Durante quase dois anos após assumir a presidência em 2018, optou não se filiar a nenhum partido e agora faz parte do Partido Liberal.

Foto: Reprodução / Diário Online. Foto feita durante a campanha política de Jair Bolsonaro em 2018.

Logo no início comentou a situação das vacinas. O Presidente justificou o atraso no processo de imunização contra a Covid-19, que começou em janeiro de 2021 e somente para os grupos prioritários, e afirmou “não existia vacina no mercado”. Durante o meio e o final do ano de 2020, a farmacêutica Pfizer teve a sua proposta que previa 70 milhões de doses de vacinas, e seriam distribuídas ao longo de 2021, rejeitada pelo governo federal. O plano previa o começo da imunização para início de dezembro de 2020. Após tentativas de contato ignoradas, o Ministério da Saúde só acordou com a farmacêutica em março de 2021 e recebeu 100 milhões de doses.

Foto: Reprodução / Charge de Jean Galvão sobre vacina - Folhapress

Vídeo crítico original, escrito e performado pelo humorista Esse Menino. Vídeo feito em junho, quando o Brasil assistia a picos de contágios e número recorde de mortes.


No final do discurso, Bolsonaro abordou a situação da Bahia e do norte de Minas Gerais "Lembro agora dos nossos irmãos da Bahia e do norte de Minas Gerais, que neste momento estão sofrendo os efeitos das fortes chuvas na região." Ambos foram afetados pelas chuvas que causaram enchentes, mortes e deixaram mais de 90 mil pessoas desabrigadas. O chefe do Executivo foi criticado na última semana por manter o descaso durante as suas férias em Santa Catarina ao invés de estar presente de forma solidária na Bahia. Segundo o governador da Bahia Rui Costa (PT) "O presidente durante toda a sua gestão demonstrava desprezo em relação à vida humana (...) Ele não demonstra nenhum sentimento em relação à dor do próximo". Na segunda-feira, Bolsonaro foi para São Franscico Sul para curtir o Reveillon com a primeira dama, Michelle Bolsonaro e a filha caçula, Laura. Diversas imagens foram divulgadas em que o presidente provoca aglomerações, realiza diversos passeios de jet-ski e declarou não ter hipótese de interromper as suas férias no litoral sulista.

Foto: Reprodução / Amarildo Charges - Metrópoles

Lamentou a chegada no coronavírus e destacou as ações do Planalto para a criação do auxílio emergencial, porém não falou sobre as alterações provocadas pelo Congresso Nacional, que aumentou o valor do auxílio. Além disso, fez questão de comparar o auxílio com o programa Bolsa Família, criado pelo PT “Para aqueles que perderam sua renda, criamos o auxílio emergencial, onde 68 milhões de pessoas se beneficiaram. O total pago em 2020 equivale a mais de 13 anos de gasto com o antigo Bolsa Família."

No início da pandemia e em consequência, a acentuação da crise econômica, o valor do auxílio previsto era de R$ 200 para os trabalhadores informais. Após críticas em relação ao valor abaixo da média de vida do brasileiro, Bolsonaro passou a defender o valor de R$ 600 e teve a aprovação dos parlamentares.

No discurso disseminado na rede aberta de TV e rádio, o chefe do Executivo optou por criticar o passaporte de vacinas "Não apoiamos o passaporte vacinal nem qualquer restrição àqueles que não desejam se vacinar." Além disso, se posicionou contra a imunização obrigatória de crianças entre 5 e 11 anos de idade, apesar da recomendação da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) "Também, como anunciado pelo ministro da Saúde, defendemos que as vacinas para as crianças entre 5 e 11 anos sejam aplicadas somente com o consentimento dos pais e prescrição médica. A liberdade tem que ser respeitada".

Desde o início da pandemia, governadores e prefeitos têm tido posicionamentos diferentes em relação à conduta Bolsonarista de cuidar da economia em detrimento dos cidadãos. As restrições adotadas durante a pandemia por parte dos governadores e prefeitos incomoda o presidente e isto foi incluído no discurso "Com a política de muitos governadores e prefeitos de fechar comércios, decretar lockdown e toques de recolher a quebradeira econômica só não se tornou uma realidade porque nós criamos o Pronampe e o BEM, programa para socorrer as pequenas e médias empresas, bem como fomentar acordos entre empregadores e trabalhadores para se evitar demissões."

A falar em corrupção, a bandeira defendida por Bolsonaro, disse que a sua gestão completa “três anos de governo sem corrupção”. Entretanto, os fatos não corroboram esta afirmação. O presidente sempre que confrontado com suspeitas e investigações, age de forma violenta contra a imprensa, Ministério Público e o Judiciário. Enquanto isso, aliados suspeitos de Bolsonaro são mantidos nos cargos.


Foto: Charge / Clayton

Desde que foi eleito presidente, Bolsonaro critica órgãos de controle que investigam o seu núcleo familiar. Os seus dois filhos o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), são investigados. O primeiro é investigado na Assembléia, no esquema das “rachadinhas”. O segundo conta com suspeitas de ter funcionários fantasma na Câmara Municipal, ambos os órgãos no Rio de Janeiro.


Duante o primeiro momento de crise provocado pelo coronavírus, o Brasil e o mundo assistiram o “entra e sai” de ministros da saúde e de outras secções. O presidente levou isto em consideração no seu discurso e afirmou “alguns nos deixaram por livre e espontânea vontade. Outros foram substituídos por não se adequarem aos propósitos da maioria que me elegeu.”

Outro feito da sua gestão que mereceu lugar no seu discurso foi a medida de flexibilização de posse e porte de arma de fogo no Brasil “levamos tranquilidade ao campo, flexibilizamos a posse e o porte de arma de fogo para o cidadão e passamos a investir no Brasil e não mais no exterior com obras bilionárias financiadas pelo BNDES.” Apesar da afirmação, os dados CPT (Comissão Pastoral da Terra), que atua em zonas rurais, dizem o contrário.


A falar sobre a economia, o presidente disse dados não precisos ao afirmar que o Brasil encerra 2021 com “um saldo de 3 milhões de novos empregos.” Entretanto, os valores de dezembro de 2021 ainda não foram divulgados.




bottom of page