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  • Ana Francisca Maio

Morreu José Eduardo Pinto da Costa

Atualizado: 15 de jan. de 2022

O médico legista, professor e irmão do presidente do Futebol Clube do Porto faleceu, dia 8 de dezembro, aos 87 anos.

 

José Eduardo Pinto da Costa partiu na noite de quarta-feira, 8 de dezembro. O FC Porto confirmou a perda: "Morreu hoje, José Eduardo Pinto da Costa, antigo membro do corpo clínico do FCPorto e irmão do presidente Jorge Nuno Pinto da Costa.", como se pode ler no Twitter do clube. Os dragões deixaram ainda os seus sentimentos: "Num momento tão difícil, o FC Porto solidariza-se com os familiares e amigos de José Eduardo Pinto da Costa e endereça-lhes sentidas condolências."


Créditos: Bruna Neto

Segundo um comunicado oficial do Futebol Clube do Porto, as cerimónias fúnebres são no dia 9 de dezembro, quinta-feira, a partir das 17 horas, na Igreja de Cedofeita, no Porto. No início de novembro, já tinha falecido uma das irmãs do Presidente do FC Porto, Maria Alice, aos 86 anos.


Quem era José Eduardo Pinto da Costa?

José Eduardo de Lima Pinto da Costa nasceu, no Porto, a 3 de abril de 1934. Foi o primeiro filho de José Alexandrino Teixeira da Costa e Maria Elisa Bessa de Lima Amorim Pinto, que se divorciaram pouco tempo depois. Os irmãos de José Eduardo, mais novos eram cinco: Maria Alice, António Manuel, Jorge Nuno, Maria Eduarda e Eduardo Honório. José tinha dois filhos e duas filhas, fruto de dois casamentos.


Licenciou-se em Medicina pela Universidade do Porto, em 1960, com uma média de 16 valores. A sua tese final "Morte por ação do óxido de carbono" obteve uma classificação de 18 valores.


Créditos: Arquivo/Global Imagens

No ensino, começou por ser professor assistente, em 1961, e 35 anos depois já era professor catedrático na Faculdade de Medicina da U.Porto. Em 1976, tornou-se diretor do Instituto de Medicina Legal do Porto. Já no final da década seguinte, foi escolhido como primeiro presidente do Colégio da Especialidade de Medicina Legal da Ordem dos Médicos e presidiu ao Conselho Superior de Medicina Legal.


José Eduardo Pinto da Costa deixou a clínica geral e passou, em 1997, a dedicar-se unicamente à sua carreira na medicina legal, durante a qual efetuou cerca de trinta mil autópsias. Professor jubilado no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar implementou, nessa mesma instituição, em 1999, o Mestrado de Medicina Legal.


Créditos: Arquivo/Global Imagens
Créditos: Rui Oliveira / Global Imagens

José Pinto da Costa era defensor de práticas como a eutanásia e o aborto. Em 2018, falou sobre o tema com o JPN: "Muitos defendem radicalmente que o médico é para dar vida e não morte. Se tivermos uma perspetiva desse género, é eliminada a possibilidade de um médico praticar algo assim. Como as opiniões são muito divergentes, a lei portuguesa dá o direito de objeção de consciência. Se o médico na sua convicção, sem ter que dar satisfações, for contra a prática, por exemplo, do aborto, tem o direito a dizer que não o fará. A organização do Estado, ou o diretor do serviço do hospital, tem a responsabilidade de resolver o imperativo legal, ou seja, de arranjar outro médico para o fazer."


Sobre a eutanásia, afirmou que "o raciocínio é semelhante. Se o médico não concorda com a eutanásia – nem que a eutanásia venha a ser legalizada de alguma maneira – ele poderia apresentar o estatuto de objeção de consciência. Se considerarmos que a função do médico é dar vida, mas que, para além disso, é ajudar o doente a morrer já é diferente. Essa ajuda é muito ampla. Ajudar a morrer, do ponto de vista consignado por muitos filósofos, não é propriamente matar. Ajudar a morrer envolve uma série de envolvimentos psicológicos e terapêuticos para suavizar o processo da morte. Mas como vão existir sempre muitas opiniões divergentes, continuará a existir a objeção de consciência."


Créditos: Arquivo/Global Imagens

Para o médico e professor, a chave é a sensibilização, sendo que tudo pode usufruir dela, como revelou ao JPN: "Qualquer tema pode usufruir disso. A vacinação é um bom exemplo. Há pessoas que não se querem vacinar. A sensibilização pode fazer com que toda a população passe a vacinar-se. O diagnóstico precoce do cancro é outro exemplo. Para as pessoas saberem que ao sentirem um nódulo qualquer não devem deixar andar, é preciso que estejam sensibilizadas. Se eu tirar um nódulo atempadamente, é mais provável que não aconteça nada. Caso não o faça, posso ter aí uma degenerescência ou cancro maligno. A sensibilização é fundamental."



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